O
segundo relacionamento amoroso que eu gostaria de observar é o de Salomão e sua
noiva Sulamita. Vamos ler Cantares 5:2-8: “Eu
dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo:
abre-me, irmã minha, amiga minha, pomba minha, minha imaculada, porque a minha
cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. Já despi os
meus vestidos; como o tornarei a vestir? Já lavei os meus pés; como os tornarei
a sujar? O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e as minhas
entranhas estremeceram por amor dele. Eu me levantei para abrir ao meu amado, e
as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos gotejavam mirra sobre as
aldravas da fechadura. Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado se tinha
retirado, e se tinha ido; a minha alma tinha-se derretido quando ele falara;
busquei-o e não o achei, chamei-o e não me respondeu. Acharam-me os guardas que
rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me, tiraram-me o manto os guardas
dos muros. Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que, se achardes o meu amado,
lhe digais que estou enferma de amor”.
Aqui
temos uma situação onde a noiva está acomodada em seu quarto. Seu noivo vem a
ela querendo ter um tempo de comunhão, mas ela estava sonolenta e preguiçosa, e
não se incomodou em levantar-se e abrir a porta para deixá-lo entrar. Quando
ele persiste, ela dá uma série de desculpas banais do porque não está interessada
em vê-lo naquele momento. Que quadro triste é esse; ela deixou seu amado fora
da vida dela!
Sabe,
eu acredito que o Senhor, assim como esse noivo, vem a nós todos os dias de
nossa vida procurando ter um tempo de comunhão conosco. Ele quer nossa companhia,
Ele Se agrada de nossa comunhão e quer passar um tempo conosco. Mas se formos
honestos, há momentos quando damos a Ele a mesma resposta dessa noiva. Tudo o
que quero dizer é que se não vamos tirar um tempo para estarmos com Ele, há
algo seriamente errado em nosso relacionamento. O que você pensaria de um
relacionamento conjugal onde a esposa não quer a companhia de seu marido? Você
diria que há algo seriamente errado ali. Se temos sido negligentes com o Senhor
e contentes em continuar a distância d’Ele, Ele sente isso. É difícil acreditar
que qualquer Cristão sincero iria querer magoar ou entristecer seu Senhor e
Salvador. Talvez não façamos isso intencionalmente, mas há momentos quando O
deixamos fora de nossa vida, e isso O magoa. É o que caracterizava a assembleia
em Laodiceia; eles deixaram o Senhor fora da vida deles; Ele é encontrado do
lado de fora batendo à porta. Tenho certeza de que Ele sentiu.
Ela
sabia que não se encontrava em um estado adequado para vê-Lo. Ela tinha tirado
a sua “túnica” (ARA) e não sentia que estava
apresentável. É algo triste quando nós, por nossas próprias ações, entramos em
um estado no qual, institivamente, sentimos não ser compatível com a presença
do Senhor. Quão facilmente isso acontece quando não somos cuidadosos. Podemos
entrar em um estado de apatia sonolenta e monótona muito rapidamente. Pode
alastra-se em nós sem nem mesmo sabermos.
Bem,
vemos que o noivo não deixaria sua noiva continuar naquele estado lamentável,
então ele tomou meios para despertá-la da sua condição apática.
Semelhantemente, o Senhor tem ciúmes de nossas afeições e Ele não nos deixará
seguir para sempre em um estado ruim. Primeiro, ele a chama: “Abre-me, minha irmã, meu amor, pomba
minha, imaculada minha”. Mas não adiantou; suas palavras não a despertaram.
Em vez disso, tudo o que conseguiu foram muitas desculpas dela. E é justamente
o que fazemos quando não estamos em um estado de alma adequado – damos
desculpas por não empregarmos nosso tempo para estar com o Senhor como
deveríamos. Podemos dizer: “Eu tenho que ir à escola; eu tenho que ir ao
trabalho; eu não tenho tempo agora; talvez mais tarde”. Tenho certeza de que
Ele sente quando dizemos essas coisas. Buscar o Senhor em nossa conveniência é
evidência de um estado lamentável.
O
Senhor quer falar ao nosso coração por meio de Sua Palavra como vimos com Boaz
e Rute, mas quando nosso estado é tal que não respondemos a Sua Palavra, Ele
tomará outros meios para despertar nossas afeições. Vemos isto ilustrado pelo o
que o noivo fez no versículo 4. “O meu
amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram
por amor dele”. Esta é a segunda
coisa que o Senhor faz para atrair nosso coração – Ele nos dá um novo vislumbre de Seus sofrimentos. Ele faz isso nos
mostrando Suas mãos marcadas pelos pregos. É ali que vamos ver a prova de Seu
amor por nós. Depois que o Senhor levantou dos mortos e apareceu no cenáculo
onde os discípulos estavam reunidos, Ele fez exatamente isso. “Mostrou-lhes as Suas mãos e o lado”
(Jo 20:20). A intenção disso foi para mover as afeições do coração deles e
certamente deve mover as do nosso também.
A
cruz é a maior mostra do amor de Cristo. A Bíblia diz: “Também Cristo amou a Igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela” (Ef
5:25). Ele o fez porque Ele nos ama! E não há momento como o partir do pão para
ter nossos pensamentos levados de volta àquela cena onde Ele morreu por nós.
Que demonstração de Seu amor! Não há nada mais que vá despertar as afeições de
nosso coração do que considerar Seu amor por nós na cruz. O remédio para um estado de indiferença de alma é um novo vislumbre dos
sofrimentos de Cristo.
Bem,
isso a tornou disposta a levantar e abrir a porta ao seu amado. Quando ela
abriu, ela obteve um pouco de “mirra”
em suas mãos que ele deixou ali e aquilo despertou nela o desejo por ele ainda
mais (v. 5). Mirra na Escritura é figura dos sofrimentos de Cristo (É uma
resina de uma planta, que é extraída por meio de ferimentos causados nela para
que drene a preciosa e fragrante substância). Mas quando ela “levantou-se” e abriu a porta, eis que
ele tinha ido embora! Ele tinha “se
retirado” (v. 6). Isso pode parecer um pouco estranho para nós. Por que ele
partiria se tinha dito querer entrar e estar com ela? A resposta é que ela
tinha que sentir o que tinha feito ao desprezar o amor dele. Ela queria ter
comunhão com ele do jeito dela, e isso não estava correto. Além disso, não
houve nenhuma menção de qualquer confissão de seu erro. Ela pensou que poderia
apenas retomar a comunhão com ele como se nada tivesse mudado. Mas não foi
assim.
A
lição para nós aqui é que se formos desfrutar do amor do Senhor e ter comunhão
com Ele, deve haver julgamento próprio. Não pode haver nenhuma verdadeira
restauração à comunhão sem reconhecer e confessar o que fizemos para impedi-la.
O
que os “guardas” fizeram a ela foi
errado (v. 7), mas Deus permitiu que isso acontecesse para trazê-la a completa
consciência e humilhá-la acerca de sua falha. Falhas aproveitadas corretamente
podem nos manter humildes e nos tornar mais cuidadosos no futuro. Ela encontrou
seu amado depois disso e nunca mais se deixou sair da presença dele novamente.
Ela se beneficiou da experiência. Nela vemos uma maravilhosa restauração de
amor.
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