sexta-feira, 10 de julho de 2020

2) Ele Nos Dá Novos Vislumbres de Seus Sofrimentos

O segundo relacionamento amoroso que eu gostaria de observar é o de Salomão e sua noiva Sulamita. Vamos ler Cantares 5:2-8: “Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo: abre-me, irmã minha, amiga minha, pomba minha, minha imaculada, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. Já despi os meus vestidos; como o tornarei a vestir? Já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar? O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor dele. Eu me levantei para abrir ao meu amado, e as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos gotejavam mirra sobre as aldravas da fechadura. Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado se tinha retirado, e se tinha ido; a minha alma tinha-se derretido quando ele falara; busquei-o e não o achei, chamei-o e não me respondeu. Acharam-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me, tiraram-me o manto os guardas dos muros. Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que, se achardes o meu amado, lhe digais que estou enferma de amor”.
Aqui temos uma situação onde a noiva está acomodada em seu quarto. Seu noivo vem a ela querendo ter um tempo de comunhão, mas ela estava sonolenta e preguiçosa, e não se incomodou em levantar-se e abrir a porta para deixá-lo entrar. Quando ele persiste, ela dá uma série de desculpas banais do porque não está interessada em vê-lo naquele momento. Que quadro triste é esse; ela deixou seu amado fora da vida dela!
Sabe, eu acredito que o Senhor, assim como esse noivo, vem a nós todos os dias de nossa vida procurando ter um tempo de comunhão conosco. Ele quer nossa companhia, Ele Se agrada de nossa comunhão e quer passar um tempo conosco. Mas se formos honestos, há momentos quando damos a Ele a mesma resposta dessa noiva. Tudo o que quero dizer é que se não vamos tirar um tempo para estarmos com Ele, há algo seriamente errado em nosso relacionamento. O que você pensaria de um relacionamento conjugal onde a esposa não quer a companhia de seu marido? Você diria que há algo seriamente errado ali. Se temos sido negligentes com o Senhor e contentes em continuar a distância d’Ele, Ele sente isso. É difícil acreditar que qualquer Cristão sincero iria querer magoar ou entristecer seu Senhor e Salvador. Talvez não façamos isso intencionalmente, mas há momentos quando O deixamos fora de nossa vida, e isso O magoa. É o que caracterizava a assembleia em Laodiceia; eles deixaram o Senhor fora da vida deles; Ele é encontrado do lado de fora batendo à porta. Tenho certeza de que Ele sentiu.
Ela sabia que não se encontrava em um estado adequado para vê-Lo. Ela tinha tirado a sua “túnica” (ARA) e não sentia que estava apresentável. É algo triste quando nós, por nossas próprias ações, entramos em um estado no qual, institivamente, sentimos não ser compatível com a presença do Senhor. Quão facilmente isso acontece quando não somos cuidadosos. Podemos entrar em um estado de apatia sonolenta e monótona muito rapidamente. Pode alastra-se em nós sem nem mesmo sabermos.
Bem, vemos que o noivo não deixaria sua noiva continuar naquele estado lamentável, então ele tomou meios para despertá-la da sua condição apática. Semelhantemente, o Senhor tem ciúmes de nossas afeições e Ele não nos deixará seguir para sempre em um estado ruim. Primeiro, ele a chama: “Abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha”. Mas não adiantou; suas palavras não a despertaram. Em vez disso, tudo o que conseguiu foram muitas desculpas dela. E é justamente o que fazemos quando não estamos em um estado de alma adequado – damos desculpas por não empregarmos nosso tempo para estar com o Senhor como deveríamos. Podemos dizer: “Eu tenho que ir à escola; eu tenho que ir ao trabalho; eu não tenho tempo agora; talvez mais tarde”. Tenho certeza de que Ele sente quando dizemos essas coisas. Buscar o Senhor em nossa conveniência é evidência de um estado lamentável.
O Senhor quer falar ao nosso coração por meio de Sua Palavra como vimos com Boaz e Rute, mas quando nosso estado é tal que não respondemos a Sua Palavra, Ele tomará outros meios para despertar nossas afeições. Vemos isto ilustrado pelo o que o noivo fez no versículo 4. “O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor dele”. Esta é a segunda coisa que o Senhor faz para atrair nosso coração – Ele nos dá um novo vislumbre de Seus sofrimentos. Ele faz isso nos mostrando Suas mãos marcadas pelos pregos. É ali que vamos ver a prova de Seu amor por nós. Depois que o Senhor levantou dos mortos e apareceu no cenáculo onde os discípulos estavam reunidos, Ele fez exatamente isso. “Mostrou-lhes as Suas mãos e o lado” (Jo 20:20). A intenção disso foi para mover as afeições do coração deles e certamente deve mover as do nosso também.
A cruz é a maior mostra do amor de Cristo. A Bíblia diz: “Também Cristo amou a Igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela” (Ef 5:25). Ele o fez porque Ele nos ama! E não há momento como o partir do pão para ter nossos pensamentos levados de volta àquela cena onde Ele morreu por nós. Que demonstração de Seu amor! Não há nada mais que vá despertar as afeições de nosso coração do que considerar Seu amor por nós na cruz. O remédio para um estado de indiferença de alma é um novo vislumbre dos sofrimentos de Cristo.
Bem, isso a tornou disposta a levantar e abrir a porta ao seu amado. Quando ela abriu, ela obteve um pouco de “mirra” em suas mãos que ele deixou ali e aquilo despertou nela o desejo por ele ainda mais (v. 5). Mirra na Escritura é figura dos sofrimentos de Cristo (É uma resina de uma planta, que é extraída por meio de ferimentos causados nela para que drene a preciosa e fragrante substância). Mas quando ela “levantou-se” e abriu a porta, eis que ele tinha ido embora! Ele tinha “se retirado” (v. 6). Isso pode parecer um pouco estranho para nós. Por que ele partiria se tinha dito querer entrar e estar com ela? A resposta é que ela tinha que sentir o que tinha feito ao desprezar o amor dele. Ela queria ter comunhão com ele do jeito dela, e isso não estava correto. Além disso, não houve nenhuma menção de qualquer confissão de seu erro. Ela pensou que poderia apenas retomar a comunhão com ele como se nada tivesse mudado. Mas não foi assim.
A lição para nós aqui é que se formos desfrutar do amor do Senhor e ter comunhão com Ele, deve haver julgamento próprio. Não pode haver nenhuma verdadeira restauração à comunhão sem reconhecer e confessar o que fizemos para impedi-la.
O que os “guardas” fizeram a ela foi errado (v. 7), mas Deus permitiu que isso acontecesse para trazê-la a completa consciência e humilhá-la acerca de sua falha. Falhas aproveitadas corretamente podem nos manter humildes e nos tornar mais cuidadosos no futuro. Ela encontrou seu amado depois disso e nunca mais se deixou sair da presença dele novamente. Ela se beneficiou da experiência. Nela vemos uma maravilhosa restauração de amor.

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